Quando falamos de limites, a própria palavra em si traz muita história emocional na maioria de nós, pois, fomos crianças limitadas de uma maneira equivocada, por vezes com agressividade e sem uma base clara do porquê os limites vinham até nós. Muitos de nós continuamos a reproduzir esses limites de maneira confusa e com agressividade.
Vemos que um primeiro passo é fazermos as pazes com os limites e reconhecermos que somos seres limitados em vários aspectos, que há atividades que não somos capazes de realizar como voar por exemplo, porém esses limites podem não nos limitar se estivermos abertos a utilizar nosso potencial para criar possibilidades de acessar o que queremos e buscamos, como, por exemplo, construir ou pegar um avião. Enfim, divagamos um pouco para que possamos acessar tudo o que o limite nos traz e claro, para cada um ele representa inúmeras outras vivências.
Quando falamos de limites com amor acessamos o lugar que cabe a nós adultos, de nos colocar no papel de alguém que é a referência para a criança ou adolescente e que é parte da sua vida, seja mãe, pai, responsáveis num geral e educadores. É nossa responsabilidade nesse papel de referência trazer limites e contornos as crianças e adolescentes que estão a nossa volta, que ainda estão se inteirando dos seus limites particulares e dos espaços em que habitam.Vivemos em uma sociedade onde por vezes o adulto interfere no que não necessita, seja como a criança se expressa, o que ela gosta, que cor ela quer pintar algo e o que ela sonha em fazer. Por outro lado, deixamos de trazer os limites de espaço do outro, do que não fazemos e como funciona a cultura do espaço onde estão inseridos.
Dentro da Educação viva e consciente acreditamos que os limites devem ser feitos de maneira clara, sem muita racionalização ou explicação, o que por vezes desconecta a criança do momento presente e do que buscamos trazer. Acreditamos que para que o limite possa vir de uma maneira leve e amorosa precisamos que ele faça sentido e esteja claro para nós adultos, para que assim ele possa passar com firmeza e clareza, o limite para a criança.Sempre lembrando que as crianças e adolescentes estão descobrindo o mundo e é nosso papel facilitar e lhes mostrar os limites que surgem a cada momento da vida deles.
Quando nos colocamos neste lugar, a brabeza e a irritação de ter que falar e trazer o limite inúmeras vezes se dissolve, pois é claro que alguém que está entendendo o mundo vai se encontrar inúmeras vezes com o mesmo ponto, assim como nós em nossos aprendizados, não é mesmo? Essa compaixão ao desenvolvimento deles e a consciência da nossa responsabilidade em relação aos limites apoia a criação de ambientes seguros, para que crianças e adolescentes expressem suas potencialidades e se desenvolvam de forma saudável.